O primeiro dia da Reunião Preparatória para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), realizado nesta segunda-feira (13/10) em Brasília, destacou a centralidade do financiamento climático e do multilateralismo nas negociações globais sobre mudanças climáticas.
“Não há a menor dúvida. Multilateralismo foi dito por todos. O tema de adaptação foi muito enfatizado, desde países ricos até pequenas ilhas e países médios”, destacou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP3.
Entre os temas mais debatidos, o balanço geral das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e a lacuna de ambição também tiveram espaço. “Muita gente reforçou a importância do balanço geral e do direcionamento de todos nós em relação ao balanço de Dubai. É um tema complexo, porque envolve colocar o balanço global dentro das NDCs.”
Alguns países ainda não apresentaram suas NDCs — compromissos climáticos assumidos para reduzir emissões e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas —, mas delegações como a da Índia se mostraram participativas. “A Índia fez um discurso extremamente positivo e construtivo. O ministro indiano veio, o que é raríssimo em pré-COP, e foi um sinal de apoio imenso à presidência brasileira”, destacou.
O financiamento climático segue como pauta central, com os países menos desenvolvidos e de economia menor demandando mais recursos. Segundo o embaixador, neste primeiro momento, houve alguma sinalização positiva de países ricos. “Mas isso é declaratório, sem compromisso de valor”, disse.
Na declarações aos jornalistas, Corrêa do Lago ressaltou que a participação ativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “mostra quanto este tema é absolutamente central para a economia”, além de elogiar a intervenção do presidente da COP de Paris, Laurent Fabius, por trazer “uma dimensão muito especial” às discussões.
O encontro preparatório, que acontece hoje e amanhã (14), é marcado por reuniões dos quatro grupos de trabalho criados pela presidência da conferência para dar suporte à conferência. Também participam a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Mariana Silva, e a dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
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A diretora executiva da COP30, Ana Toni, destacou ainda a inclusão de representantes da sociedade civil, além dos ministros brasileiros. “Essa característica da COP30, que foi muito debatida hoje, é a inclusão e a implementação”, enfatizou. “Acho que ficou muito claro na fala de todo mundo, marcando e percebendo o legado da COP 30 de implementação e inclusão, com o espírito do mutirão no combate à mudança do clima”, emendou.
Bilaterais
Uma reunião bilateral entre o presidente da COP30 e o comissário da União Europeia para o clima está marcada para terça-feira, segundo Corrêa do Lago, o objetivo é assegurar que a COP possa avançar nas negociações. O embaixador afirmou que o principal objetivo das conversas com os delegados é garantir um ambiente favorável às tratativas da conferência.
“Com todos os delegados, o que a gente quer é, antes de mais nada, assegurar que a gente tenha uma COP na qual possamos avançar nas negociações, evitando bloqueios provocados pelo desejo de colocar na agenda temas que não estão na pauta”, disse. “A primeira coisa é assegurar a boa vontade de todos para que a COP possa começar já com negociações”, acrescentou.
Sobre a ausência da delegação norte-americana, o presidente da conferência reiterou o convite feito pelo presidente Lula a Donald Trump. “Da nossa parte, é sempre importante dizer o quanto nós estamos convidando a todos. Esta é uma COP aberta para todos e todos serão bem-vindos.”
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