O tenente-coronel Mauro Cid afirmou em sua delação premiada que o ex-presidente Jair Bolsonaro ordenou o monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo da vigilância, segundo Cid, era verificar se Moraes estava se encontrando com o então vice-presidente Hamilton Mourão, atualmente senador. O ex-ajudante de ordens relatou que Bolsonaro “estava meio nervoso” com essa possibilidade e pediu que a informação fosse checada por Marcelo Câmara, ex-assessor presidencial.
De acordo com as investigações da Polícia Federal (PF), Moraes foi seguido por assessores presidenciais em dezembro de 2022, como parte de um suposto plano golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Nas mensagens trocadas entre Cid e Câmara, o ministro do STF era identificado pelo codinome “professora”.
“O último monitoramento, quando fizemos aquela brincadeira de ‘professora’, foi o próprio presidente que pediu. A informação era que você (Moraes) se encontraria com o general Mourão ou com alguém do governo dele. Ele estava meio nervoso com isso aí. Então, ele queria saber e essa foi a informação que recebi. Por isso, utilizei o coronel Câmara para tentar colher essa informação”, declarou Cid.
Durante o depoimento prestado diretamente a Moraes, o ministro questionou Cid se não teria sido mais fácil consultar a agenda oficial de Mourão. O tenente-coronel respondeu que essa opção também foi considerada, mas que Bolsonaro frequentemente recebia “informes não confirmados” em seu celular e, por conta de seu perfil impulsivo, ficava “nervoso e irritado”, ordenando a verificação direta.
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Os vídeos do depoimento de Cid foram divulgados nesta quinta-feira (20/2), após Moraes retirar o sigilo do processo. A revelação ocorre dias após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e outras 32 pessoas por participação em uma trama para reverter o resultado das eleições de 2022. A denúncia foi apresentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, e será analisada pela Primeira Turma do STF.
Assista ao vídeo: