O Senado aprovou dez indicações para embaixadores que vão representar o Brasil ao redor do mundo.
As mensagens comunicando as indicações seguiram para a Casa Civil e a Presidência da República na última quinta-feira (11). Os nomes foram confirmados pelo plenário da Casa no dia anterior (10).
Os diplomatas já tinham sido sabatinados anteriormente pelos senadores em sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional.
Esforço antes de recesso
A necessidade de um esforço para que se tivesse a presença dos parlamentares para votar indicações de autoridades antes do recesso parlamentar havia sido discutida em reunião de líderes da Casa.
A suspensão das atividades do Congresso Nacional começa na próxima quinta-feira (18) e vai até o fim de julho (31).
Conheça os novos embaixadores:
- Rosimar da Silva Suzano (Estônia)
A diplomata Rosimar da Silva Suzano é graduada em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e possui mestrado em diplomacia e estratégias internacionais pela Escola de Londres de Economia e Ciências Políticas.
Na carreira diplomática, Rosimar Suzano ocupou cargos como o de ministra-conselheira em Londres (Inglaterra) e de cônsul-geral em Mumbai (Índia).
A diplomata afirmou que a área tecnológica será prioritária em sua gestão. Segundo ela, sete estados brasileiros possuem acordos de cooperação com o país báltico para uso pelo governo de tecnologia estoniana.
“É um país pequeno, do tamanho do Espírito Santo. A jovem nação passou a dedicar 1% do PIB para financiar o setor de TI. Em 1997 lançou o programa “Salto do Tigre” para desenvolver a infraestrutura de TI e priorizar o ensino de computação nas escolas. [Hoje] 99% dos serviços públicos são obtidos on-line”, afirmou Rosimar.
- Eugênia Barthelmess (Angola)
A diplomata Eugênia Barthelmess é graduada e mestre em letras pela Universidade Federal do Paraná.
Entrou no Instituto Rio Branco em 1989 e, desde então, atuou em representações do Brasil em Bruxelas, na Bélgica, e em Singapura.
Ela defendeu o fortalecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e os países africanos e destacou o papel de Angola como canal de acesso à presença brasileira no continente.
“A África aparece hoje como a última fronteira para o estabelecimento de novas relações de influência política e introdução de presença comercial competitiva. O motor da economia do mundo está hoje na Ásia, mas o próximo passo é o desenvolvimento muito ágil dos países do continente africano. O Brasil entra na África pela porta de Angola”, disse Eugênia.
- Flávio Helmold Macieira (Irlanda)
O diplomata Flávio Helmold Macieira é formado em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e ingressou na carreira diplomática em 1977. Concluiu o Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco em 1998. Em 2002, concluiu mestrado em relações internacionais pela Universidade da Cidade de Dublin, na Irlanda.
No Brasil, o diplomata atuou como subchefe e chefe substituto da Divisão de Comércio Internacional e da Divisão de Política Comercial; como assessor da Divisão das Nações Unidas; e como consultor internacional da Coordenadoria do Metrô de Brasília.
No exterior, serviu nas embaixadas no Iraque, na Espanha, na França, na Irlanda e na Suíça. Como embaixador, atuou na Nicarágua, entre 2008 e 2012; na Noruega, de 2012 a 2016; e no Panamá, entre 2016 e 2018.
“A Irlanda política é um país que se assemelha ao Brasil porque é uma democracia liberal representativa e bicameral. Há muita convergência e possibilidade de um entendimento político”, analisou Flávio.
- Rodrigo de Azeredo Santos (Noruega e Islândia)
O diplomata Rodrigo de Azeredo Santos tem graduação em economia e em ciências políticas. Concluiu o mestrado em diplomacia e relações internacionais em 1990 e ingressou no Itamaraty em 1992.
Entre as funções desempenhadas na carreira diplomática, atuou nas embaixadas do Brasil em Moscou, Washington, Buenos Aires e Londres. Em 2003, foi assessor especial de Assuntos Federativos e Parlamentares. Também foi embaixador brasileiro em Teerã, no Irã, entre 2017 e 2020; e em Copenhague, na Dinamarca, entre 2020 e 2024.
“Uma característica […] é a semelhança dos nossos princípios, digamos assim, de política externa: comprometimento com o multilateralismo, o comprometimento com a solução pacífica de conflitos, a resolução da paz e a cooperação internacional”, destacou Rodrigo.
A embaixada brasileira na Noruega é encarregada da representação brasileira junto ao governo islandês, pois o Brasil não possui embaixada ou consulado na Islândia.
- Colbert Soares Pinto Junior (Santa Lucia e Dominica)
Colbert Soares Pinto Junior graduou-se em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1988. No ano seguinte, iniciou a carreira diplomática e já ocupou postos em seis embaixadas ou consulados-gerais, além de funções de chefia no Brasil.
Por último, foi embaixador em Praia (Cabo Verde), cargo que ocupava desde 2021.
“Dominica tem muito potencial na área de turismo ecológico, é uma ilha muito bonita que abriga espécies raras de plantas e aves. […] O nosso maior interesse ali é nos consolidarmos como um parceiro confiável”, disse Colbert.
A embaixada brasileira em Santa Lúcia é encarregada da representação brasileira junto ao governo da Dominica, pois o Brasil não possui embaixada ou consulado no país.
- Luciano Mazza de Andrade (Singapura)
O diplomata Luciano Mazza de Andrade é bacharel em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em direito europeu pela Escola de Economia e Ciência Política de Londres (Inglaterra).
Ingressou no Instituto Rio Branco em 1995 e, desde então, atuou em representações brasileiras em Londres, Camberra (Austrália) e Lisboa (Portugal).
“Singapura busca se projetar como um grande entreposto, uma plataforma de comércio exterior, negócios e serviços. Faz-se valer de um entorno geográfico muito particular e da falta de recursos próprios, o que faz com que a vocação para a abertura e para o comércio internacional seja algo absolutamente natural para o país”, informou Luciano.
- Rafael de Mello Vidal (Ucrânia e Moldávia)
O diplomata Rafael de Mello Vidal tornou-se bacharel em Direito em 1987 e, em 1991, iniciou carreira diplomática. Entre 1995 e 1998, foi cônsul-adjunto do consulado-geral brasileiro nos Estados Unidos.
De 1998 a 2002, ocupou o cargo de segundo-secretário na embaixada do Brasil na Colômbia. Brevemente, ainda em 2002, exerceu a mesma função na embaixada no Uruguai.
Entre 2005 e 2008, foi novamente cônsul-adjunto nos Estados Unidos, em outra cidade. De 2008 a 2010, atuou como ministro-conselheiro na embaixada brasileira na Venezuela, e trabalhou no mesmo cargo durante os dois anos seguintes na embaixada no Paraguai.
De 2013 a 2016, foi ministro-conselheiro na Europa pela primeira vez, na embaixada da Dinamarca. E de 2016 a 2019, também o fez na Espanha. Foi eleito embaixador do Brasil pela primeira vez no Mali em 2019 e, no ano seguinte, em Angola.
“Hoje nós vivemos uma situação em que há equilíbrio no conflito entre os dois lados. Esse equilíbrio é o momento exato, o momento ideal para se buscar uma negociação de paz, porque existe uma teoria clássica da guerra de que não se consegue negociar um acordo de paz quando existe um desequilíbrio”, afirmou Rafael sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
A embaixada brasileira na Ucrânia é encarregada da representação brasileira junto ao governo da Moldávia, pois o Brasil não possui embaixada ou consulado no país.
- Marcel Fortuna Biato (Cazaquistão, Quirguistão e Turcomenistão)
O diplomata Marcel Fortuna Biato estudou na Universidade Nacional Australiana e na Universidade de Brasília. É mestre em sociologia política pela Escola de Economia de Londres. Ingressou na carreira diplomática em 1981.
Atuou, no Brasil, na Divisão de América Meridional, no Departamento das Américas e na Subsecretaria de Assuntos Políticos. A sua última lotação no Brasil, no período 2003 a 2010, foi na Assessoria Especial da Presidência da República.
No exterior, serviu na embaixada do Brasil em Londres, no Consulado-Geral em Berlim, na Missão Permanente do Brasil junto à ONU, em Nova York, e na embaixada em Havana. Foi embaixador do Brasil em La Paz, na Bolívia, e representante permanente do Brasil na Agência Internacional de Energia Atômica e na Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares, em Viena, na Áustria. Por último, foi embaixador do Brasil em Dublin (Irlanda).
“Ao mesmo tempo que é uma zona de crescente importância estratégica, também apresenta desafios globais que o Brasil não pode ignorar”, afirmou Marcel sobre a região onde irá representar o país.
A embaixada brasileira no Cazaquistão também é responsável pela representação diplomática no Quirguistão e no Turcomenistão, onde o Brasil não possui embaixada ou consulado instalado.
- Alexandre Henrique Scultori de Azevedo Silva (Cabo Verde)
O diplomata Alexandre Henrique Scultori de Azevedo Silva ingressou na carreira diplomática em 1994. Formado em direito pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília, atuou em representações do Brasil em Bruxelas (Bélgica), Estocolmo (Suécia) e Amsterdã (Holanda).
“O turismo responde por 25% do PIB [produto interno bruto] cabo-verdiano. O país recebe aproximadamente 900 mil turistas por ano. A demanda por produtos alimentícios da parte de hotéis, resorts e navios de cruzeiro vem sendo suprida principalmente por países europeus. Creio haver margem para se continuar a trabalhar a inserção de fornecedores brasileiros nessa promissora fatia de mercado”, disse Alexandre.
- Nedilson Ricardo Jorge (México)
Nedilson Ricardo Jorge é formado em direito pela Faculdade Cândido Mendes, no Rio de Janeiro. Ingressou na carreira diplomática em 1987 e, desde então, atuou em representações do Brasil em Buenos Aires (Argentina), Pretória (África do Sul) e Montreal (Canadá).
“Entre os objetivos da minha atuação, estará promover a expansão e a diversificação das exportações brasileiras, que hoje estão muito concentradas em produtos agrícolas e automotivos. Há muito potencial para outros produtos. Na área de proteína animal, o objetivo é consolidar o suprimento regular para o mercado mexicano”, destacou Nedilson.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Conheça os novos embaixadores do Brasil em países ao redor do mundo no site CNN Brasil.