Áudios obtidos pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado revela que os militares envolvidos pretendiam executar a investida golpista antes de 12 de dezembro de 2022, dia em que da diplomação da chapa formada por Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSB) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Correio teve acesso aos mais de 52 áudios trocados pelo tenente-coronel Mauro Cid — que na época era ajudante de ordens de Jair Bolsonaro —, o ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) general Mario Fernandes e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu. Em uma das gravações, Cid diz que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) precisava tomar uma atitude antes da data da diplomação de Lula.
No áudio, Cid diz que vai conversar com Bolsonaro para discutir a data do golpe. “Ele tem essa personalidade às vezes. Ele espera, espera, pra ver até onde vai”, diz o militar sobre Bolsonaro. “E o tempo está curto né, não dá para esperar muito mais passar, teria que ser antes do dia 12”.
Embora os militares não tenham consumado a tentativa no dia 12 de dezembro de 2022, a data ficou gravado como um dos atos extremistas que antecederam os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. Nessa ocasião, bolsonaristas atearam fogo contra um ônibus em frente à sede da PF, no centro de Brasília.
Ao todos, 52 áudios revelam conversas sobre o planejamento do golpe entre Cid, o ex-assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) Mario Fernandes e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu.
A data de 12 de dezembro também é citada pelo general Mario Fernandes. Em conversa com Cid, ele aponta que conversou com o ex-presidente. “Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo”, afirma o ex-assessor. Segundo ele, Bolsonaro afirmou que a diplomação não seria uma restrição e que “qualquer ação” poderia ocorrer até 31 de dezembro.