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Flávio Bolsonaro diz que operação da PF busca “prejudicar” Ramagem em eleição no Rio

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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)derrubar o sigilo de uma investigação da Polícia Federal (PF) que implica o governo passado.

Nesta quinta, a PF deflagrou a 4ª fase da Operação Última Milha. O objetivo é desarticular a organização criminosa que monitorava ilegalmente autoridades públicas, além de produzir notícias falsas, utilizando-se de sistemas Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro.

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De acordo com a corporação, os policiais federais cumprem 5 mandados de prisão preventiva e 7 de busca e apreensão, expedidos pelo STF, em Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).

Em mensagem publicada em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Flávio Bolsonaro negou qualquer relação com a Abin e afirmou que o objetivo da PF, sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é “inventar crimes” contra Bolsonaro.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter”, escreveu Flávio.

Ainda segundo o senador, “a divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”.

Alexandre Ramagem, ex-chefe da Abin no governo Bolsonaro, é o pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro (RJ) nas eleições de outubro deste ano.

“O grupo especial de Lula na Polícia Federal está tão cego para inventar crimes contra Bolsonaro que ‘acusa’ a Receita Federal de abrir PAD [Processo Administrativo Disciplinar] contra servidores que cometeram crime contra mim”, prosseguiu Flávio.

Os alvos da “arapongagem”

Entre os nomes supostamente alvos da “arapongagem” da Abin, aparecem o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado. Segundo a PF, a espionagem ilegal abrangia tanto políticos aliados do governo de então (como Lira) quanto opositores (no caso de Renan).

Outro nome que teria sido espionado pelo grupo é o do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, um dos maiores alvos do bolsonarismo durante o período em que o ex-presidente da República ocupou o Palácio do Planalto.

De acordo com o relatório da PF, o monitoramento ilegal de Maia teria sido executado por ordem de Alexandre Ramagem.

Outros políticos monitorados pela “Abin paralela” do governo Bolsonaro, aponta a PF, teriam sido o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), a ex-deputada federal Joice Hasselmann (antiga aliada de Bolsonaro, mas que rompeu com o ex-presidente) e os senadores Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), além do próprio Renan – os três últimos fizeram parte da CPI da Covid, que investigou as ações e omissões do governo Bolsonaro durante a pandemia.

No Poder Executivo, de acordo com a PF, o ex-governador de São Paulo João Doria (sem partido) também teria sido espionado ilegalmente. Doria é mais um caso de ex-apoiador de Bolsonaro que passou a ser alvo do núcleo bolsonarista depois de romper com o então presidente da República.

Ministros do STF não escaparam

Ainda de acordo com o relatório da PF sobre o caso, pelo menos quatro ministros do STF teriam sido monitorados clandestinamente.

A investigação aponta que, além de Moraes, foram alvos os ministros Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.

Segundo o relatório da PF, os diálogos obtidos pela investigação indicam que os investigados planejavam possíveis ações clandestinas contra os magistrados da mais alta Corte do Judiciário brasileiro, “com o escopo de questionar a credibilidade do sistema eleitoral”.

Servidores do Ibama, auditores da Receita e jornalistas

A “arapongagem” da Abrin também teve como alvos, diz a PF, os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges e os auditores da Receita Federal Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

Em relação aos auditores da Receita, aponta a PF, a ideia do grupo seria coibir as investigações do suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do ex-presidente.

A ação clandestina de espionagem teria ocorrido, de acordo com a PF, no dia 20 de novembro de 2020, com o intuito de escobrir “podres” e “relações políticas” dos auditores.

A imprensa profissional também não escapou da “Abin paralela”. Segundo as investigações da PF, os jornalistas Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista foram monitorados pelo grupo criminoso.

O que diz a PF

Em nota, a PF informou que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos do grupo, “incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas”.

“A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos”, diz a PF.

Os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.

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