Durante relatos dos Círculos de Liderança Pré-COP — a reunião ministerial preparatória para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30) — nesta segunda-feira (13/10), em Brasília, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou a importância da inclusão dos povos indígenas e de comunidades locais como protagonistas no enfrentamento da crise climática.
“É uma honra para mim estar nesta mesa e falar da COP dos povos, esta inovação da presidência brasileira”, afirmou. Guajajara ressaltou que, embora a Convenção do Clima seja uma “convenção das partes”, ela também precisa refletir a realidade social e política dos países. “Sabemos que esta é uma convenção das partes, mas sabemos também que nenhum de nós representantes dos países vive afastado nos processos políticos e sociais. As convenções têm a característica de responder aos desafios que a ciência nos mostra”, disse.
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A ministra frisou que o diálogo com diferentes segmentos da sociedade é essencial e que o momento atual é decisivo. “Hoje é um dia muito importante para o mundo. Não só por este momento de estarmos aqui, nos preparando para a COP da implementação, mas também com sinais reais pelo fim do genocídio em Gaza e pela reconstrução da dignidade da Palestina”, afirmou em referência ao acordo anunciado hoje entre Israel e Hamas.
Guajajara destacou ainda o papel do Brasil na construção de uma agenda mais inclusiva. Segundo ela, a criação da plataforma de povos indígenas e comunidades locais é uma medida concreta para ampliar a participação desses grupos. “A CC busca formas de aumentar a nossa participação e o nosso protagonismo. E aumentar o protagonismo e participação dos povos indígenas e comunidades locais por si só é uma entrega importante”, afirmou.
A ministra lembrou que a comissão de povos indígenas, criada em abril de 2025, tem atuado de forma contínua nos preparativos para a COP30, que será realizada em Belém, no Pará. “São necessários novos espaços porque as emergências climáticas demandam neste momento de crise de multilateralismo global, onde precisamos reafirmar a nossa capacidade de consenso global”, disse.
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Ela alertou para o risco do descrédito nas instituições caso não haja resultados concretos. “Esse processo só será reconhecido pelas sociedades se tivermos respostas efetivas. Caso contrário, sem respostas, as sociedades aumentarão o ceticismo e apoiarão os instrutores que negam as mudanças climáticas e questionam os processos globais”, apontou a titular da pasta dos Povos Indígenas.
Guajajara defendeu que o avanço tecnológico e energético não pode repetir erros do passado. “Não será possível qualquer transição energética se ela deixar rastros de violações, violências e desigualdades”, declarou.
A ministra também celebrou o protagonismo indígena na próxima conferência. “Os povos indígenas e as comunidades locais não são somente aqueles dentre os mais impactados pelas mudanças climáticas. Nós também somos as respostas”, afirmou.