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Antes do encontro, Haddad havia afirmado que, na conversa com Francisco, traria “o abraço do presidente Lula” e manteria o papa “a par dos propósitos do Brasil”.
Ainda segundo o ministro da Fazenda, a ideia era colocar o governo brasileiro à disposição do papa “para os temas que são tratados pelo Vaticano e dizem respeito ao sentimento dos brasileiros por um mundo mais fraterno, por um mundo de paz, por um mundo de liberdade”. Na ocasião, Haddad classificou a viagem à Itália como “muito proveitosa”.
Taxação dos “super-ricos”
Um dos temas que seriam abordados na reunião com o papa Francisco é a taxação global dos chamados “super-ricos”. Haddad pretende angariar apoio do pontífice para a proposta, que é defendida pelo governo do Brasil.
No fim do ano passado, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que mudou as regras de tributação para aplicações financeiras mantidas por brasileiros no exterior e instituiu a cobrança do chamado “come-cotas” para fundos exclusivos.
A proposta de taxação internacional levantada pelo Brasil vem sendo discutida no âmbito do G20, grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana.
Países como França, Espanha, Alemanha e África do Sul já sinalizaram apoio ao projeto, por meio do qual os multimilionários teriam de pagar, todos os anos, impostos no valor de pelo menos 2% da sua riqueza total.
Por outro lado, a proposta brasileira tem encontrado resistência nos Estados Unidos e em alguns países europeus.
Entre os itens da pauta da audiência com o papa Francisco, Haddad trataria, ainda, da crise climática – com atenção especial à tragédia do Rio Grande do Sul – e da crise da dívida dos países do chamado Sul Global.
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Reuniões com ministros de Espanha e Itália
Na Itália, o ministro da Fazenda também participou do workshop “Enfrentando a crise da dívida no Sul Global”, organizado pela Pontifícia Academia de Ciências Sociais. Ele ainda teve reuniões com ministros de Economia e Finanças de outros países, como o da Espanha, Carlos Cuerpo, e o da Itália, Giancarlo Giorgietti.
Em publicação nas redes sociais, Haddad afirmou que a tributação dos super-ricos atinge poucas pessoas em todo o mundo, mas pode contribuir para a redução da desigualdade.
“A proposta de taxação dos super-ricos para combater a fome e as mudanças climáticas implica numa cooperação global para além das relações bilaterais entre blocos e países. São apenas 3 mil super-ricos em todo mundo”, escreveu o ministro.
Acordo Mercosul-União Europeia
Na terça-feira (4), Fernando Haddad também voltou a defender o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia (UE) – novela que se arrasta há mais de 20 anos, sem um desfecho.
“Entendemos que precisamos empurrar um final para que isso acabe acontecendo. Já são quase duas décadas de negociação, mas eu creio que há um amadurecimento de parte a parte e que juntos nós poderemos fazer melhor”, disse Haddad, em entrevista coletiva.
Para Haddad, o acordo entre os dois blocos vai além do aspecto econômico e comercial, mas também diz respeito a valores comuns, como a defesa da democracia, que “se encontra em risco em várias partes do mundo”. “É uma aliança que pode animar muito não apenas os negócios, mas as parcerias em todos os âmbitos”, avalia.
Em visita ao Brasil, em março deste ano, o presidente da França, Emmanuel Macron, jogou um balde de água fria no governo e nos empresários brasileiros, que esperavam avanço nas tratativas em torno do acordo com a UE. A França, de Macron, é frontalmente contrária à proposta.
“O acordo com o Mercosul, tal como está sendo negociado atualmente, é um péssimo acordo. Para vocês e para nós. Porque foi negociado há 20 anos. A vida diplomática, a vida dos negócios, mudaram muito. Quando se negocia com uma regra antiga, não é a mesma coisa. É preciso reconstruir [o acordo] pensando no mundo como ele é hoje, levando em consideração a biodiversidade e o clima”, afirmou Macron em discurso na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Costurado desde o fim dos anos 1990, o acordo comercial entre os dois blocos teve sua primeira etapa concluída em 2019, ainda sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – desafeto de Macron. Desde então, os termos passaram à fase de revisão por parte dos países envolvidos, mas pouco se avançou até aqui.
Macron se opõe ao acordo com o Mercosul, principalmente, por questões políticas domésticas. O tratado é visto com ceticismo na França, pois há preocupação com riscos de enfraquecimento do setor agrícola no país. Ainda segundo o governo francês, caso o acordo se concretize nos termos atuais, empresas francesas que seguem leis ambientais mais duras em seu país terão de competir com companhias que não estão submetidas aos mesmos padrões.
De volta ao Brasil
Segundo informações do Ministério da Fazenda, o embarque de Haddad de volta ao Brasil está previsto para esta quinta-feira, com chegada a São Paulo (SP) à noite, pelo horário de Brasília.
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