Na semana passada, ele foi indicado por Lula para substituir Campos Neto na presidência do BC a partir de 2025 e precisará passar por sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e ser aprovado pelo plenário da Casa.
Mesmo com a aprovação pelo Senado ainda pendente, Haddad apontou que a transição no comando do BC está sendo “difícil”, à medida que, pela primeira vez, um presidente da República teve de conviver com um chefe da autarquia indicado por seu antecessor.
A situação foi possibilitada pelo estabelecimento da autonomia operacional do BC a partir de projeto de lei aprovado pelo Congresso em 2021.
“Nós estamos fazendo uma transição difícil, porque é a primeira vez que se faz uma transição dois anos depois do presidente eleito. Isso nunca aconteceu no passado”, observou Haddad.
Juros
Questionado sobre a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 17 e 18 de setembro, à medida que crescem as projeções do mercado sobre uma alta na Selic, agora em 10,5% ao ano, Haddad disse confiar na capacidade dos diretores da autarquia para decidir o futuro da política monetária.
“Eu confio muito na capacidade técnica das pessoas que estão à frente do Banco Central. Eu não acho elegante da minha parte dizer o que o Banco Central tem que fazer”, afirmou.
Comentando as críticas de Lula ao nível da Selic e seus desentendimentos com Campos Neto, o ministro indicou que Galípolo deve sofrer pressões semelhantes caso assuma a presidência do BC, o que, para ele, é normal na vida pública.
“Quem está na vida pública sofre pressão… É natural que, em um cargo deste, você entenda que vai ouvir opiniões [diferentes]. A pessoa tem que se habituar a isso.”
Crescimento e ajuste fiscal
Um dia depois de dados mostrarem que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no segundo trimestre do ano, acima do esperado, Haddad defendeu que o país tem todas as condições de crescer acima da média global, apontando que o governo está realizando ajustes na economia que têm possibilitado um crescimento com baixa inflação e controle fiscal.
“Nossa visão é de que o ajuste fiscal tinha que ser feito sobre quem deixou de pagar impostos”, afirmou o ministro.
“O resultado dessa política foi que você consegue fazer o ajuste sem prejudicar o crescimento econômico. Essa é a graça do que está sendo feito.”
(Com Reuters)
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