Pouco antes de entregar o cargo no Ministério das Comunicações, nesta terça-feira (8/4), Juscelino Filho conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por telefone e decidiu que ele deveria se demitir para se concentrar na própria defesa. A informação é da Secretaria de Comunicação do governo. O chefe da pasta foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de fazer parte de um esquema de desvio de emendas parlamentares.
Lula embarcou para participar, nesta quarta-feira (9/4), da IX Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Tegucigalpa, capital do país. Em entrevista concedida ao UOL, em junho de 2024, o petista declarou que o ministro deveria deixar o cargo caso fosse denunciado formalmente pela Procuradoria.
“Eu já fui vítima de calúnia, difamação e tive negado o direito à defesa e à presunção de inocência. O que eu disse ao Juscelino foi: ‘A verdade só você conhece. Se o procurador apresentar denúncia contra você, é preciso mudar de posição’. Enquanto não houver denúncia, você permanece no cargo”, disse Lula na ocasião.
A exoneração de Juscelino Filho pode sair na edição extra o Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira ou até quarta-feira (9). Não há anúncio do substituto de Juscelino. No entanto, a atual líder do União Brasil, deputado federal Pedro Lucas Fernandes (MA), será o indicado da bancada do partido para assumir o órgão, segundo o deputado Elmar Nascimento (União-BA).
Juscelino Filho é suspeito de participar de um esquema de desvio de emendas parlamentares. O caso foi enviado ao ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deve abrir prazo para os advogados apresentarem as explicações. O ministro disse que é inocente e que se demitiu para se dedicar integralmente à defesa.
Ele foi indiciado no ano passado pela Polícia Federal por supostamente ter aceitado propina pelo desvio de emendas quando era deputado federal, antes de assumir as Comunicações. A investigação envolve dinheiro enviado à cidade de Vitorino Freire, no Maranhão, onde a irmã dele, Luanna Rezende, também do União Brasil, era prefeita.
Em carta aberta, o ministro diz que “teve o apoio incondicional do presidente Lula”, líder a quem admira profundamente e que sempre garantiu “liberdade e respaldo para trabalhar com autonomia e coragem”.
Ele diz que tomou a decisão “em respeito ao governo federal e ao povo brasileiro”.
“Hoje tomei uma das decisões mais difíceis da minha trajetória pública. Solicitei ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva meu desligamento do cargo de ministro das Comunicações. Não o fiz por falta de compromisso, muito pelo contrário. Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, afirma. (Colaborou Victor Correia)