O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu, nesta sexta-feira, comparações com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que sofre questionamentos por sua idade. O chefe do Planalto mandou um recado a quem o acusa de estar cansado: “Pergunte para a Janja”. E afirmou ter “70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20”. Ele estava acompanhado da primeira-dama Janja da Silva, na inauguração de um novo campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em Osasco, região metropolitana de São Paulo.
Biden passou a ser alvo de pressão para deixar a corrida eleitoral após uma má performance no debate contra o ex-presidente Donald Trump. A fragilidade foi atribuída à idade dele: 81 anos. O democrata, porém, culpou o cansaço por viagens internacionais que fez na véspera. Já Lula, com 78 anos, rejeitou comparações feitas por adversários e analistas políticos.
“Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que tenho 70 anos de idade, energia de 30, e tesão de 20, eu estou falando com conhecimento de causa. E, portanto, não adianta tentar atrapalhar a minha vida. Não adianta tentar prejudicar o (Fernando) Haddad, prejudicar o Camilo (Santana)”, discursou, numa menção, respectivamente, aos ministros da Fazenda e da Educação.
Lula criticou “artigos de colunistas” na imprensa que o compararam com Biden e desafiou quem o ataca por causa da idade. “Todos que acham que eu estou cansado, eu convido a fazer uma agenda comigo durante o meu mandato. Se aguentar levantar às 5h da manhã e ir dormir meia-noite todo dia, aí ele pode dizer que eu estou cansado”, rebateu.
Ele continuou: “Quero ver quem fala que eu estou cansado, e está sentado com a bunda na cadeira escrevendo, se tem coragem de levantar e ir para a rua para andar. Eu estou andando neste país desde quinta-feira”, disse, citando o início das viagens, na semana passada, por Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.
A comparação entre Lula e Biden fez com que aliados saíssem em defesa do chefe do Executivo, como a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR). Em sua conta no X, ela descreveu como “etarismo” questionar a capacidade dos presidentes por sua idade. “Uma diferença notável é que Biden só agora está tendo de lidar com o preconceito, algo que Lula sofreu e vem vencendo ao longo da vida”, enfatizou.
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Cobrança de aluna
O chefe do Executivo também voltou a defender a política econômica do seu governo. Disse seguir a responsabilidade fiscal, que aprendeu com a sua mãe, Dona Lindu, e que tem “213 milhões de filhos” para cuidar. “Isso só vai dar certo se a economia estiver arrumada. Se a gente fizer como aquela pessoa que joga dinheiro fora por causa de cartão de crédito, a economia vai quebrar”, destacou. “Mas o meu governo não vai quebrar, porque nós temos a responsabilidade de cuidar deste país”, completou ele, que moderou os ataques ao Banco Central e ao mercado após altas sucessivas do dólar.
Em Osasco, Lula inaugurou um campus da Unifesp. A obra recebeu investimento de R$ 102 milhões, mas o presidente foi cobrado por uma estudante do terceiro ano de direito, Jamile Fernandes, que também discursou na cerimônia. Segundo ela, a inauguração representa apenas metade das obras.
“Faltam moradias estudantis, restaurante e auditórios. A universidade não é verdadeiramente nossa. Do corpo discente, apenas 8% dos alunos são negros. Temos que trabalhar com a realidade”, frisou a estudante.
Haddad, em sua fala, rebateu a crítica, dirigindo-se a Jamile. “A USP está até hoje sendo construída. Prédios estão sendo construídos, e professores estão sendo contratados”, argumentou o ministro da Fazenda.
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