Aos 35 anos, o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Conhecido por sua habilidade como articulador político, sua ascensão meteórica ao cargo é reflexo de um longo trabalho de bastidores e intensa articulação. Filho e neto de políticos, Motta iniciou sua carreira política aos 21 anos, quando foi eleito com 86.150 votos, em 2010. Hoje, é um dos principais articuladores do Centrão e uma das figuras mais influentes do Congresso Nacional.
Desde que foi eleito o mais jovem parlamentar da história do Congresso, Hugo Motta vem, ao longo dos anos, assumindo papéis estratégicos e consolidando sua presença dentro do Legislativo. Para chegar ao cargo de presidente da Câmara, o deputado iniciou sua jornada no dia 3 de setembro de 2024, contando com o apoio do presidente nacional do Partido Progressista (PP), Ciro Nogueira (PI), e do deputado Dr. Luizinho, líder da legenda na Câmara.
Após quase dois meses de encontros e articulações, o parlamentar obteve o apoio formal de Arthur Lira, que também é do PP. Inicialmente, Lira apoiava o deputado Elmar Nascimento (União-BA), que desistiu da disputa, diante do crescimento de Motta. Antônio Brito (PSD-BA) também abriu mão da candidatura.
Após obter o apoio formal de Lira, no final de outubro, Hugo Motta seguiu ampliando seu arco de alianças até os últimos dias antes da votação, consolidando sua candidatura com o apoio dos partidos MDB, Podemos, PP, PV, PCdoB, PT e PL, além do seu próprio partido, Republicanos. Essa foi, sem dúvida, uma jogada de mestre, fazendo com que, pela primeira vez, um candidato à presidência da Câmara fosse considerado o vencedor, antes mesmo do pleito, derrotando seus adversários políticos, o deputado bolsonarista Marcel Van Hattem (Novo-RS) e o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), um dos vice-líderes do governo na Casa.
Em seu quarto mandato como deputado federal, Hugo Motta acumulou experiência e habilidades políticas, circulando entre nomes como Rodrigo Maia e Eduardo Cunha, este conhecido pelo PT, como o algoz da presidenta Dilma Rousseff, no processo de impeachment. Com ampla articulação e o suporte de diversos partidos, conseguiu chamar a atenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que inicialmente relutava em apoiá-lo por considerá-lo jovem, mas agora busca aproximação, especialmente diante da necessidade de alinhamento com a Câmara para a aprovação de projetos essenciais ao governo.
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O parlamentar já teve diversos embates com o Partido dos Trabalhadores. Além de votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, presidiu a CPI da Petrobras, que indiciou 70 pessoas, incluindo o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Outro ponto de pressão são as expectativas dentro do próprio bloco governista. Parte dos parlamentares defende que a Câmara assuma uma postura mais independente em relação ao governo, enquanto outra ala prega maior alinhamento com o Executivo.
O fato é que, ao assumir um dos cargos mais importantes do país, Hugo Motta terá de definir como conduzirá sua relação com os diferentes grupos políticos, já que a direita, com 99 deputados, espera contar com seu apoio, principalmente para derrubar vetos presidenciais, enquanto a esquerda, que tem 80 parlamentares, busca um diálogo mais próximo.
O novo presidente da Casa deve manter a mesma linha de articulação de Arthur Lira, apostando no pragmatismo político e na distribuição de cargos estratégicos para garantir apoio. Sua gestão pode representar a continuidade da força do Centrão, que tem dominado a agenda política da Casa nos últimos anos.
Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, médico por formação, nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 11 de setembro de 1989, mas construiu sua base eleitoral em Patos, no sertão paraibano. Vem de uma família tradicional na política e é filho do ex-deputado estadual e atualmente prefeito de Patos, Nabor Wanderley.
Atualmente, é titular da Comissão de Finanças e Tributação. Em 2015, foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou denúncias de corrupção na Petrobras, o que contribuiu para o desgaste político que levou à queda de Dilma Rousseff. Em 2023, foi relator da PEC dos Precatórios, que limitou o valor de despesas anuais com precatórios. É autor de 32 projetos de lei e de 18 propostas de emenda à Constituição.
Entre seus principais projetos apresentados na Câmara dos Deputados estão a PEC 55/2011, que foi transformada na Emenda Constitucional 82 e criou a carreira de agentes de trânsito no sistema de segurança pública, além de estabelecer que a segurança viária compreende educação, engenharia e fiscalização de trânsito.
Em 2018, votou a favor das principais pautas do governo de Michel Temer, como a PEC do Teto dos Gastos e a reforma trabalhista, defendendo a necessidade de controle fiscal. Também foi um dos articuladores da liberação do Auxílio Emergencial durante a pandemia, em 2020.
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