na qual não assegurou que estará nas urnas nas eleições de outubro, Datena atraiu um grande público enquanto caminhava pelo Mercadão. Ele conversou com comerciantes e visitantes do local, um dos pontos turísticos da capital paulista.
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O pré-candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo experimentou o tradicional sanduíche de mortadela do Mercadão, tomou café, comeu frutas e tirou fotos com dezenas de pessoas que circulavam pelo mercado. Ao final da visita, no entanto, Datena não falou com os jornalistas.
O apresentador chegou ao local por volta do meio-dia e ficou cerca de uma hora. Ele estava acompanhado pelo ex-senador José Aníbal, presidente do diretório municipal do PSDB na capital e um dos principais entusiastas da candidatura. Aníbal é cotado como possível candidato a vice na chapa.
Em conversas com comerciantes e frequentadores do Mercadão, Datena afirmou que a cidade de São Paulo estava “às traças” e voltou a criticar duramente a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição. “Não tem médico, não tem enfermeiro, não contrata segurança”, disse o tucano.
“Estou virando político mesmo. Só venho em época de eleição”, brincou o apresentador, ao conversar com o dono de um estabelecimento que Datena disse ter frequentado muito quando era mais jovem.
Datena diz que, desta vez, vai “até o fim”
Em sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, na terça-feira (16), José Luiz Datena foi questionado se havia o risco de desistir novamente da candidatura, como ocorreu pelo menos quatro vezes nos últimos anos. O apresentador disse que tem a intenção de “ir até o fim” desta vez, mas não foi capaz de cravar que concorrerá à sucessão de Ricardo Nunes neste ano.
“Na minha palavra, ela [a população] confia há 40 anos, quando eu comecei a trabalhar. Questão política é outra coisa. Eu é que não confio na palavra de político. E quando político me sacaneia, quando me sacanearam em todas as outras oportunidades, eu larguei esses caras no meio do caminho”, afirmou Datena.
“Até que eu faça parte do meio político e passe a ter confiança nos políticos de forma geral, eu vou continuar na expectativa de ser ou não ser, eis a questão. Se alguém me sacanear de hoje até o dia da eleição, vai ficar no meio do caminho também”, ameaçou o ex-apresentador da Band.
“Eu posso morrer amanhã. Agora, a minha intenção, desta vez, é ir até o fim, desde que alguém não me encha o saco”, disse Datena.
O pré-candidato tucano foi, então, indagado se haveria possibilidade de não ser candidato em outubro. “É claro que existe. Hoje em dia, você tem que tomar cuidado com tudo que acontece, desde conchavos políticos a toma-lá-dá-cá”, afirmou.
José Luiz Datena já passou por 11 partidos em sua trajetória política, embora jamais tenha se candidatado a nenhum cargo. Antes de trocar o PSB pelo PSDB, Datena já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil e PSC – em uma verdadeira “montanha-russa” partidária.
Nas eleições municipais de 2020, Datena esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.
Na reta final, Datena recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia lhe pedido para permanecer na emissora. O candidato a vice na chapa foi Ricardo Nunes, que acabaria assumindo a prefeitura após a morte de Covas, em 2021, e agora tentará a reeleição.
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Datena “rompe polarização”, diz Aníbal
Em entrevista ao InfoMoney, no início de julho, o presidente do PSDB paulistano, José Aníbal, afirmou que não havia mais “nenhuma dúvida” sobre a candidatura do apresentador neste ano.
“Não tem mais nenhuma dúvida. Essas perguntas estão até deixando o Datena um pouco irritado. Tudo bem ter havido esse questionamento até a saída dele da TV, mas agora ele já saiu”, disse Aníbal. “Agora, no dia 8, vamos começar a pré-campanha para valer. Esses caras (os demais candidatos) estão fazendo campanha há 1 ano. Nós começamos agora.”
“Há uma diferença muito expressiva do Datena em relação aos demais candidatos. Eu levo o Datena ao Teatro Municipal, ao Viaduto do Chá, e todo mundo ou mais da metade da população vai cumprimentá-lo. Se eu levo o Datena à Praça do Forró, na zona leste, é a mesma coisa. Ou ao Largo 13 de Maio, na zona sul. Tem candidato que ainda está construindo sua candidatura, seu nome, e não teve o grau de exposição que o Datena teve ao longo desses anos todos”, explica Aníbal.
“Isso faz uma diferença enorme, porque as pessoas já o conhecem. Ele não terá de se apresentar para ninguém. E, sobretudo, o Datena é conhecido na periferia, não apenas no centro expandido de São Paulo”, avalia o presidente do diretório paulistano do PSDB.
“Nós tínhamos indicação de que, à medida que o eleitor associasse o Datena à candidatura a prefeito, a tendência era ele subir”, prossegue Aníbal. “Essa associação dele à candidatura mostrou um desempenho significativo na pesquisa. Espero que as próximas pesquisas confirmem esse patamar.”
Na avaliação de José Aníbal, Datena é a figura com a maior capacidade de romper a polarização que tem marcado a política brasileira em nível nacional nos últimos anos, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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Lula declarou publicamente apoio a Boulos e indicou a ex-prefeita Marta Suplicy, que retornou ao PT no início do ano, como pré-candidata a vice na chapa do deputado do PSOL. Bolsonaro, por sua vez, conseguiu emplacar o nome do ex-coronel da Polícia Militar e ex-comandante da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) Ricardo Mello Araújo (PL) como vice de Nunes, mesmo a contragosto de alguns aliados do prefeito.
Para Aníbal, a candidatura de Datena pelo PSDB irá reverberar, politicamente, para além dos limites de São Paulo. “A participação do Datena nessa eleição, com expectativa de vitória, muda nacionalmente o cenário de polarização. O Datena é um candidato independente desses polos. É um cara que tem coragem. Nós vamos construir a candidatura dele em cima disso. É um cara que fala direto com a população e rompe com essa polarização”, afirma.
“A polarização sempre existe em campanhas. No final, inevitavelmente, você tem dois candidatos que vão polarizar. Mas se fez da polarização atual um instrumento de disputa pública, eleitoral, social, tudo. Cerca de 70% dos brasileiros votam porque querem destruir o outro, nem sempre porque concordam com a pessoa em que votam”, observa o dirigente tucano.
“O Datena rompe essa polarização e fura essas 2 bolhas, e isso tem um significado importantíssimo para São Paulo e para o Brasil. Ele é a possibilidade de você ter uma referência muito expressiva de que essa polarização não veio para se eternizar”, conclui Aníbal.
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