O plenário do Senado aprovou, na quarta-feira (10), a indicação de Rafael de Mello Vidal para a chefia da embaixada do Brasil na Ucrânia e na Moldávia. O nome do diplomata foi aprovado com um placar de 42 votos favoráveis e 2 contrários.
Com o resultado da votação, a indicação segue agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Para o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), autor da MSF 23/2024, a competência de Vidal para o cargo é justificada por sua experiência anterior, em nove diferentes embaixadas ou consulados-gerais.
Posicionamento do embaixador sobre a guerra
Ainda na quarta-feira, o novo embaixador também participou de uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), durante a qual caracterizou a guerra entre Rússia e Ucrânia, em andamento desde fevereiro de 2022, como uma “segunda Guerra Fria”, com países orientais tentando subverter a hegemonia americana.
“É mais perigosa que a primeira [Guerra Fria], porque a primeira tinha alguma motivação ideológica que a justificava, comunismo de um lado e capitalismo do outro”, afirmou Vidal.
“Hoje, vejo que é mais perigosa porque se tornou uma grande disputa pela hegemonia do poder mundial entre os dois lados do planeta.”
Ainda na avaliação do embaixador, o atual momento é o melhor para as negociações, em função do “equilíbrio de forças” entre Rússia e Ucrânia.
“Hoje nós vivemos uma situação em que há equilíbrio no conflito entre os dois lados. Esse equilíbrio é o momento exato, o momento ideal para se buscar uma negociação de paz, porque existe uma teoria clássica da guerra de que não se consegue negociar um acordo de paz quando existe um desequilíbrio”, afirmou.
Vidal também afirmou que vai apoiar os esforços diplomáticos brasileiros de “mediação para a paz” entre os dois países, e que a neutralidade é a “melhor forma” para o Brasil responder ao conflito
Segundo o documento encaminhado a Lula, o atual embaixador brasileiro na Ucrânia e na Moldávia, Norton de Andrade Mello Rapesta, foi removido para a Secretaria das Relações Exteriores em função da “renovação periódica das chefias das Missões Diplomáticas brasileiras”.
Quem é Rafael de Mello Vidal
Vidal nasceu em Montevidéu, capital do Uruguai, em 1964. Apesar de ter nascido no exterior, é considerado brasileiro nato, e foi no Brasil onde fez sua formação e iniciou carreira.
Se tornou bacharel em Direito em 1987, e em 1991 iniciou carreira diplomática. Entre 1995 e 1998, foi cônsul-adjunto do consulado-geral brasileiro nos Estados Unidos.
De 1998 a 2002, ocupou o cargo de segundo-secretário na embaixada do Brasil na Colômbia. Brevemente, ainda em 2002, exerceu a mesma função na embaixada no Uruguai.
Entre 2005 e 2008, foi novamente cônsul-adjunto nos Estados Unidos, em outra cidade. De 2008 a 2010, atuou como ministro-conselheiro na embaixada brasileira na Venezuela, e trabalhou no mesmo cargo durante os dois anos seguintes na embaixada no Paraguai.
De 2013 a 2016, foi ministro-conselheiro na Europa pela primeira vez, na embaixada da Dinamarca. E de 2016 a 2019, também o fez na Espanha. Foi eleito embaixador do Brasil pela primeira vez no Mali em 2019, e desde 2020 é o embaixador brasileiro em Angola.
Além dos cargos em consulados e embaixadas, Vidal também já foi ministro de segunda classe, em 2011, e subchefe de divisão no Mercosul de 2003 a 2005.
Ele também foi agraciado com a Medalha da Ordem de Rio Branco, no grau de Comendador em 2010, e no grau de Grande Oficial em 2019, além da Medalha da Ordem do Mérito Aeronáutico, no grau de Comendador, em 2012.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Saiba quem é o escolhido para assumir a embaixada do Brasil na Ucrânia no site CNN Brasil.