Search
Close this search box.

Série exibida em emissoras públicas da América Latina promete investigar crimes da ditadura

serie-exibida-em-emissoras-publicas-da-america-latina-promete-investigar-crimes-da-ditadura

A partir de março começam as gravações da série de TV Operação Condor, que abordará um dos períodos mais sombrios da história da América Latina. A produção, que terá sete episódios, será gravada em seis países sul-americanos envolvidos na operação, um esquema internacional de repressão que perseguiu e assassinou opositores políticos durante as ditaduras militares da região.

A operação foi formalmente implementada em 25 de novembro de 1975, em Santiago, Chile, por iniciativa do ditador Augusto Pinochet. Operação Condor será dirigida por Cleonildo Cruz e Luiz Gonzaga Belluzzo e trará, em seu enredo, a tese de que os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek foram assassinados no âmbito da operação. “A Operação Condor foi uma aliança entre as ditaduras militares que governavam os principais países da América do Sul para colaborar no combate aos seus opositores. Essa aliança contou com o apoio dos Estados Unidos, permitindo a troca de informações entre os integrantes da operação para perseguir e eliminar aqueles considerados uma ameaça ao regime”, explica Cleonildo Cruz, diretor da série.

A ‘Operação Condor’ tinha como objetivo principal conter o avanço do comunismo e eliminar qualquer oposição política. O intercâmbio de informações entre os países envolvidos permitiu ações coordenadas para reprimir movimentos guerrilheiros e opositores civis e militares. Entre os grupos perseguidos estavam os Tupamaros no Uruguai, Montoneros na Argentina, MIR no Chile e ALN no Brasil. Além disso, opositores políticos de destaque, como Orlando Letelier e Carlos Prats, foram assassinados no contexto da Operação Condor.

Para Cruz, a morte de João Goulart ainda precisa ser esclarecida, apesar do relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), divulgado em 1º de dezembro de 2014, que classificou o caso como inconclusivo. O diretor da série defende que a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) deve reabrir o caso. “Não podemos deixar esse caso no limbo, como se já estivesse encerrado. É preciso que, como brasileiros, investiguemos de forma profunda e responsável. Só assim poderemos entender, com base em evidências consistentes, se a morte de Jango foi natural ou se realmente houve interferência criminosa”, afirmou.

O primeiro episódio será gravado no Chile e abordará o assassinato de Pablo Neruda pela ditadura militar chilena. O poeta faleceu 12 dias após o golpe de 1973, que derrubou o presidente Salvador Allende. Em 13 de fevereiro de 2023, cientistas confirmaram que Neruda foi envenenado com a bactéria Clostridium botulinum. O segundo episódio será gravado no Brasil e abordará a atuação de agentes do Estado que atuaram de forma criminosa, prendendo, torturando e matando opositores. A série ainda terá gravações na Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Peru, revisitando novos documentos e testemunhos sobre a repressão nesses países. O projeto será exibido a partir do próximo ano em todas as emissoras públicas de TV, da América Latina.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Nossa Galeria